Um dos carros mais importantes dos anos 60 no Brasil, o Aero Willys foi um dos pioneiros no design nacional, veja a história...
Origem
A linha Aero foi lançada em 1952 nos Estados Unidos pela Willys em quatro versões, Aero Ace, Aero Eagle, Aero Wing e Aero Lark em versões 2 e 4 portas, vinham com os motores Hurricane e Lightning 6 cilindros. Sua carroceria monobloco era inspirada na construção aeronáutica (aeroframe). O Aero foi fabricado até 1955 nos Estados Unidos.
Willys Overland do Brasil
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Renault Dauphine / Jeep Willys e Rural Willys |
A Willys Overland já estava presente no Brasil desde 1952, em 1954 já montava o Jeep em CKD, como o Jeep teve boa aceitação no Brasil despertou o interesse do grupo Kaiser (que passou a controlar a Willys) em fabricar automóveis de passeio no país, e com uma nova fábrica em São Bernardo do Campo começou a produzir o Jeep e Rural com um bom índice de nacionalização, em 1959 já eram totalmente nacionais, os veículos de passeio vieram logo em seguida, no final do ano o pequeno Renault Dauphine (resultado de uma parceria com a Renault) e logo após o luxuoso Aero. Já a Argentina ficou com o Kaiser Carabella, que era um Manhattan, bem maior que o Aero.
O Aero brasileiro
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O Aero brasileiro foi lançado em 1960, possuía um motor de seis cilindros (o mesmo do Jeep),
com 2.638cc e 90 hp a 4200 RPM. O carro, porém, possuia linhas
já obsoletas, derivadas do modelo americano (fora de linha desde 1955) com oito anos de atraso. Com
banco dianteiro inteiriço e câmbio na direção
o Aero permitia acomodar seis pessoas, seu painel possuía inovações como a
forração com material deformável para evitar ferimentos
em casos de acidentes.
Aero 62
O modelo 62 apresentava algumas modificações como novas calotas e o friso lateral era reto de ponta a ponta, não mais um degrau na porta traseira. A pintura não era mais saia-e-blusa.
Rivais
Seus principais concorrentes eram o Simca Chambord e o FNM JK. O Simca fabricado desde 1959 possuia um V8, mas de pequena cilindrada, já o JK era um Alfa Romeo feito sob licença pela FNM, mais luxuoso e caro que seus rivais o JK possuia um motor 4 cilindros de 1972 cilindradas, apesar de ter 4 cilindros tinha duplo comando e câmbio de 5 marchas e era mais potente que seus dois rivais.
Aero Willys 2600
No final de 1962 como modelo 63 foi apresentado com grande alarde no salão de Paris o Aero Willys 2600, de projeto nacional e com inspiração nos desenhos de Brook Stevens, responsável pela restilização da Rural. O carro não era 100% novo, foi uma profunda restilização sobre o antigo Aero Willys, sendo que ainda utilizava algumas peças do modelo anterior, mesmo assim foi um ótimo trabalho do departamento de estilo da Willys Overland do Brasil.
A motorização era a mesma, mas ganhou 2 carburadores e um novo coletor de admissão, chegando a 110 cv. No ano seguinte o sistema elétrico passou a ter 12 volts e a suspensão mais firme. Este modelo ganhou alguns apelidos como frango assado e galeto.
Aero 65
Aero 67
Para 65 ele ganhou uma restilização principalmente na traseira que ficou mais alongada e com as lanternas em um ângulo invertido além de um novo para-choque, na lateral um novo friso e na frente a pestana do farol foi retirada. Na mecânica ele ganhou um câmbio de 4 marchas (o de 3 ainda era oferecido), melhorando o seu desempenho.
Itamaraty
Para atingir um público mais exigente e principalmente os compradores do Simca Presidence e do FNM 2000 (ex-JK), em 1966 surgiu um novo modelo, o Itamaraty que na verdade era um Aero mais requintado com diferenças na grade com frisos horizontais e sem a divisão no centro, a lanterna traseira era horizontal com frisos seguindo o estilo da grade dianteira. O interior era bem mais requintado e os mostradores do painel tinham fundo branco.
Itamaraty 67 e Itamaraty Executivo

O Itamaraty 67 ganhou uma nova grade dianteira além do motor com a cilindrada aumentada para 3000 cm3. Mas a principal surpresa foi o Itamaraty Executivo, a primeira limousine fabricada em série no Brasil, tornando-o mais caro até que o recém lançado Ford Galaxie. A carroceria alongada foi desenvolvida em conjunto com a Karmann-Ghia, tinha opções para 3 ocupantes no banco traseiro e mais 2 em banquinhos nas laterais, os bancos, claro, eram de couro. No total 27 foram produzidos.
Fase Ford

Com a compra da Willys pela Ford no final de 67, toda a linha Willys (com exceção do Gordini,) continuou normalmente, a Renault ficou apenas na Argentina. O Aero foi mandado para a matriz de Detroit para passar por uma análise e futuras melhorias, a marca Willys continuou até o final de 69, a partir daí o Aero, Itamaraty, Jeep e Rural passaram a ser vendidos como Fords. Aero e Itamaraty ganharam algumas melhorias mecânicas mas como a idade do projeto começou a pesar, a Ford começou a pensar em um substituto, antes disso fez alguns protótipos com frente inspirada no Lincoln, até testou o motor V8 do Galaxie, mas todos foram rejeitados. 1971 foi o ultimo ano do Aero apesar de um modelo 72 do Itamaraty ter sido cogitado, mas não foi para a frente.
Novos rivais
O tempo passa e a concorrência aumenta com produtos mais atuais como o Opala da Chevrolet, disponível com motores de 4 e 6 cilindros de corpo europeu, frente e mecânica americana acabou caindo no gosto dos brasileiros. O Simca se tornou o Esplanada, passou por uma breve fase como um Chrysler e acabou dando lugar ao poderoso Dodge Dart V8. Dos antigos rivais só o FNM 2150 (ex-JK e 2000) ainda continuou até 1973 sendo substituído pelo 2300 no ano seguinte.
Protótipos
Protótipo para o Aero 2600, o para brisa muito alto e o formato da grade não agradaram.
Protótipos com frente inspirada no Lincoln e motor do Galaxie, rejeitados.
Itamaraty que teria sido o modelo 72.
Estudos de um futuro novo Aero ainda nos anos 60, mas não passou do mockup.
Estudos de um futuro novo Aero ainda nos anos 60, mas não passou do mockup.
O substituto
Como o Aero estava com os dias contados, os principais candidatos ao posto eram o alemão Taunus e o americano Maverick, o modelo alemão parecia ser o preferido, porém, o novo motor 4 cilindros que equiparia o Taunus só estaria disponível em 1975 e o motor do Aero simplesmente não cabia nele, como servia no Maverick, ele acabou sendo o escolhido, porém, como o motor Willys já estava obsoleto acabou prejudicando um pouco a imagem do Maverick no Brasil.
Fontes: Livro Aero Willys, o carro que marcou época - Editora Alaúde; Revista Quatro Rodas e Mecânica Popular.
Obs.: O blog ainda está em fase experimental, alguma informação pode não ser muito precisa, sujeita a alteração a qualquer momento.